O Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol de Castelo Branco (AFCB) realizou este fim de semana, 06 e 07 de setembro, a primeira Ação de Reciclagem de Arbitragem (ARA) da época 2024/2025 para os Árbitros de Futebol.

A formação, que decorreu na Sertã e contou com mais de 35 juízes, colocou à prova os conhecimentos teóricos dos Árbitros e a condição física dos mesmos. No primeiro dia, o foco esteve nas “Alterações às do Leis do Jogo” para a nova temporada. Após uma sessão de esclarecimentos, os “homens do apito” foram avaliados, através de um vídeo-teste.

No sábado, 07 de setembro, além da componente física, houve ainda tempo para duas sessões: a primeira com o Capitão da GNR da Sertã, relativa à “Criminalidade nos Espetáculos Desportivos” e, na parte da tarde, o tema foi “Arbitrar em Alta Competição”, sendo o palestrante o Árbitro Internacional FIFA, Fábio Veríssimo.

Estes momentos, com dois dias de atividades, são “muito importantes” para fomentar o convívio e o relacionamento entre todos. Quem o diz é Ângelo Correia. No mundo da arbitragem há 25 anos, o Árbitro albicastrense concilia as partidas das competições da AFCB, com os encontros da Liga 3, uma vez que faz parte da equipa de Luís Máximo, como assistente.

“Esta ARA no início da época é sempre essencial, visto que prestamos as provas escritas e físicas, temos as alterações às Leis de Jogo e, principalmente, é uma forma dos Árbitros mais jovens lidarem com os mais experientes e perceberem o que é a arbitragem. Na minha opinião, quando se tira o curso, apenas ficamos com o papel. Só depois vamos aprender a arbitrar (…) A arbitragem é uma coisa interessantíssima, uma paixão, mas que tem muitos espinhos ao longo da carreira. É importante que os mais novos percebam isso e, infelizmente, já vi vários Árbitros que tiram o curso, mas depois desistem, porque não percebem o que é a arbitragem. Ser Árbitro não é fácil”, assinalou.

Ângelo Correia é um dos mais experientes do Distrito, com várias épocas nas provas nacionais – na 3ª Divisão e na 2ª Divisão B antiga. O objetivo na Liga 3 é ajudar o chefe de equipa, Luís Máximo, numa competição “muito interessante” e com “partidas bastante equilibradas”.

“Hoje estou aqui como Árbitro Distrital e o foco, pessoalmente, é ajudar os mais novos. É importante o CA da AFCB, quando tenho um jogo, nomear dois «miúdos» como assistentes, tenho todo o gosto nisso. Já falei disto algumas vezes e, nos últimos anos, os CA têm cometido um erro – nomeiam uma equipa experiente para um jogo e há outros campos em que está uma equipa mais inexperiente, podendo haver problemas e os «miúdos» não têm experiência para resolver o assunto no momento. É importante, para mim, passar alguma da minha experiência aos mais novos”, ressalvou.

A captação de efetivos na arbitragem é um problema real e atual, sendo que o CA da AFCB vai abrir mais um Curso de Árbitros nos próximos meses. Para o juiz, o mais importante é “gostar de Futebol”.

“Ainda há muitas pessoas que pensam que ser Árbitro é uma coisa diferente de andar no Futebol. Os Árbitros fazem parte do espetáculo, é um desporto como ser jogador e, fundamentalmente, é preciso gostar-se do que se faz. Há uma coisa essencial na arbitragem. Quando se tira o curso, é necessário ser-se humilde e ter vontade de aprender”, destacou, realçando de seguida.

“Vejo alguns «miúdos», que têm dois ou três anos de arbitragem, e pensam que já sabem tudo. Só após alguns anos é que metem os pés no chão e percebem que não é bem assim. Incentivo os mais novos a virem, peçam ajuda ao CA ou até a Árbitros mais antigos, e vão entender que isto é um desporto e uma carreira bonita. Orgulho-me da minha e devo muito ao Futebol. Já tive bons e maus momentos, mas devo ao Futebol sensações fantásticas que vivi. Os mais novos, atualmente, têm todas as condições para ambicionar outros patamares. Venham, peçam ajuda, trabalhem no duro, sejam humildes e, se aguentarem os primeiros dois ou três anos, vão ganhar gosto pela arbitragem e, quem sabe, não vá aparecer outro Carlos Xistra”, concluiu.