João Diogo Rodrigues, conhecido como Kikas no Futebol, é um dos últimos talentos do distrito que atingiu os patamares profissionais como jogador. Atualmente, representa o Estrela Amadora SAD e está focado em realizar mais uma boa época no principal escalão do futebol português.
Com 25 anos, o albicastrense já atuou como sénior no Sport Benfica e Castelo Branco, B-SAD, Vilafranquense, CD Mafra, União de Leiria e DOXA, do Chipre, antes de chegar à Reboleira.
Começou a jogar com cinco anos, no Sport Benfica e Castelo Branco, tendo ainda vestido as cores do Desportivo Castelo Branco. O avançado destacou-se pela veia goleadora, o que lhe valeu uma temporada no Sporting Clube Portugal, em Infantil, e mais tarde, em Juvenil, voltou a deixar a sua cidade natal, desta feita para representar o Vitória Sport Clube – no qual concluiu a o período de formação.
A AFCB esteve à conversa com Kikas, que explicou a origem da alcunha, os passos dados em toda a carreira e como lidou com o facto de deixar a casa dos pais, com apenas 15 anos, para ir viver para Guimarães.
AFCB: Como nasceu o gosto pelo Futebol?
K: O gosto pelo Futebol nasceu com o meu pai. Desde que me lembro, sempre gostei de jogar no bairro em que vivia em Castelo Branco e foi crescendo, com o tempo, e nunca acabou. Sempre disse à minha família e aos meus amigos que queria ser jogador profissional e estou muito feliz por ter alcançado esse objetivo.
AFCB: Chamaste João Diogo, mas no futebol és conhecido como Kikas. Como surge esta alcunha e qual o significado?
K: A minha família chama-me João ou João Diogo, mas no Futebol todos me conhecem por Kikas. O nome vem do meu pai que, quando era pequeno, não conseguia dizer Benfica e dizia Kika e, daí, ficou com essa alcunha em Lisboa e eu, mais tarde, fiquei o Kikas Júnior.
AFCB: Deste os primeiros passos no Benfica e Castelo Branco, mas muito novo, com idade de infantil, vais para o Sporting CP e ficas lá uma época. Como aconteceu esta mudança e porque não ficaste mais tempo?
K: Com nove ou dez anos, comecei a fazer testes no SL Benfica, no FC Porto e no Sporting CP. Nessas observações, o Sporting CP quis ficar comigo, falou com os meus pais e, nessa época, treinava em Castelo Branco e, nos fins de semana, vinha jogar a Lisboa. Estive uma época assim e, mais tarde, voltei para Castelo Branco.
AFCB: E como foi essa temporada? Notavas uma grande diferença dos treinos semanais e do fim de semana?
K: Sim, senti essa diferença. Eu e mais colegas estávamos na mesma situação – treinar durante a semana nos clubes e, ao fim de semana, vínhamos jogar contra os outros nossos colegas. E era um pouco estranho, porque eles treinavam juntos a semana toda e nós não, mas fui-me habituando.
AFCB: Regressaste a Castelo Branco e dividiste a formação entre o Desportivo Castelo Branco e o Benfica Castelo Branco. Eras um jogador que se destacava na formação?
K: Sim. Como disse fui fazer testes a vários clubes “grandes”, porque nas camadas jovens já marcava 40 a 50 golos por época – o meu pai apontava todos. E sim, comecei a destacar-me e a crescer no Futebol.
AFCB: Pensavas em seguir uma carreira como jogador profissional? Com que idade começaste a ter esse pensamento?
K: Sempre quis ser jogador profissional, mas quando voltei do Sporting CP, o Desportivo CB estava no Campeonato Nacional de Iniciados, era mais novo e já jogava com os mais velhos. Nessa altura, fui-me destacando um pouco mais e comecei a acreditar que podia dar mesmo.
AFCB: Com essa idade, 13/14 anos, é quando surge a oportunidade de participar no Torneio Lopes da Silva, através das Seleções Distritais. Representaste a Associação de Futebol de Castelo Branco nessa emblemática competição. Que memórias guardas desse tempo?
K: Foi um Torneio muito bom. Já conhecia alguns colegas – eram meus companheiros de equipa, no Campeonato Distrital, eu e mais três erámos do Campeonato Nacional. Tivemos muitos treinos juntos na Associação de Futebol de Castelo Branco e foi uma experiência muito boa e espetacular. Fiz muitas amizades e ainda mantenho contacto com muitos deles.
AFCB: Em juvenil, na época 2014-2015, vais para o Vitória SC. Como surgiu esta mudança e como foi a adaptação?
K: Ainda fiz mais uma época no Campeonato Nacional de Iniciados e, no meu primeiro ano de Juvenil, o Desportivo CB convidou-me para integrar a equipa de Juniores – através do treinador Chiquinho (atual Diretor Técnico da AFCB) – no Campeonato Distrital. Aceitei o desafio e destaquei-me muito. O treinador ajudou-me a crescer e fiz muitos golos.
Nessa época, o João Afonso também faz uma grande temporada em Castelo Branco e, como tínhamos o mesmo empresário, Nuno Correia, perguntou-me se queria ir fazer testes a Guimarães, durante uma semana. Claro que aceitei, eles gostaram de mim e, passado uns dias, disseram que queriam contar comigo. E estive lá três anos.
A adaptação foi um pouco difícil, era uma nova realidade. Com 15 anos estava a viver com outros colegas – erámos como uma família -, mas estar longe de casa, dos meus pais e dos meus amigos, custou-me um bocado. Houve alturas em que pensei desistir, mas o meu sonho era ser jogador profissional e, graças à minha persistência, estou onde estou agora.
AFCB: Tão novo e longe da família, foi fácil manter o foco no Futebol?
K: Sim, porque foi sempre o meu sonho e um clube como o Vitória Guimarães dava todas as condições para chegarmos ao topo. Estudava de manhã e tínhamos os treinos à tarde e foram três anos muito bons, que nunca vou esquecer.
AFCB: Eras bom aluno na escola?
K: Era só um bocadinho. Gostava mais de Futebol que da escola, mas fazia o suficiente para ir passando (risos).
AFCB: Em Guimarães completas a tua formação e, no último ano, fazes uma boa temporada (35J e 17G). Acreditavas que ias ter uma oportunidade no plantel sénior do V. Guimarães?
K: Foram três anos em que fiz muitos golos. Na segunda época de Juvenis, fui muito utilizado e consegui marcar muitos golos. Em Júnior, no primeiro ano, fui um bocado difícil para mim, mas ainda fiz uns golinhos. No último ano de formação, foi o meu ano. Marquei muito e, sim, sonhava ir para a equipa B, que estava na II Liga, mas não aconteceu. Recebi o convite para voltar a casa e não podia rejeitar. Acabei por fazer uma das minhas melhores épocas de sempre.
AFCB: A verdade é que decides voltar a Castelo Branco, para a equipa principal do Benfica e Castelo Branco. Como encaraste esta mudança?
K: O meu empresário na altura recebeu alguns convites e achei que era bom voltar a casa. Acreditava que, se fizesse uma boa época, conseguia voltar a dar o salto – há vários exemplos disso. Fiz uma boa temporada, que é o mais importante, e passei logo para a I Liga.
AFCB: Antes de ingressares no Benfica e Castelo Branco, tiveste outras propostas das competições profissionais?
K: Creio que não. Eram todas propostas de clubes do Campeonato de Portugal.
AFCB: Realizas uma grande temporada, com cerca de 20 golos marcados, e despertas o interesse de vários clubes nacionais. Porque é que optas pelo B-SAD e tinhas mais hipóteses?
K: Erámos um grupo muito bom e tínhamos um treinador que já conhecia os cantos à casa, o mister Ricardo António. O plantel tinha muitos jogadores da cidade, que me ajudaram muito, como o André Caio, o Tomás Sousa e muitos outros. O mister Graça estava como adjunto – era muito amigo dos meus pais – e foram todos uma boa ajuda. Não estava à espera de fazer uma época tão boa, mas correu tudo bem e ficámos perto de ir à Fase de Subida. Foi uma temporada muito positiva, coletiva e individualmente.
A saída para o B-SAD aconteceu a meio da época. Recordo-me que tivemos um jogo contra a União de Leiria, em que ganhámos (1x0) e o encontro correu-me bem e até fiz o golo. No final da partida disseram-me que o mister Silas estava na bancada e as conversas foram decorrendo na semana seguinte, quando fiquei a saber que a B-SAD me queria contratar. Assinei contrato em janeiro, mas quis acabar a época no Benfica e Castelo Branco e todos concordaram. Faço a pré-época com o plantel sénior e ia jogando nos seniores e na equipa Sub-23.