O Estádio Municipal de Oleiros acolheu na última quarta-feira, dia 19 de fevereiro, mais um Encontro Distrital de Walking Football, que contou com a participação de seis equipas, algumas delas com dois conjuntos – Academia Sénior de Oleiros, USALBI, Universidade Sénior Covilhã e Vila de Rei, UD Belmonte e a estreante ACR Cabeçudo.

O número de mulheres a praticar a modalidade no distrito de Castelo Branco tem registado um constante aumento e foi corroborado pelo testemunho de Telma Veríssimo. A Coordenadora da Academia Sénior de Oleiros explica que, neste momento, contabilizam cerca de 25 alunos e que “temos mais mulheres que homens, o que é fabuloso”.

“Quando iniciámos o Walking Football partimos do desconhecido e até achámos que não íamos ter grande interesse. A verdade é que a adesão foi muito grande, quer de homens – que já era expectável -, como de mulheres. As mulheres foi uma surpresa muito grande e sermos uma das equipas com mais elementos femininos é uma vitória”, dispara.

O Encontro Distrital no concelho foi o contexto ideal para perceber os motivos e os benefícios que atraem o género feminino para o Walking Football. Nesse sentido, a Associação de Futebol de Castelo Branco falou com uma praticante de cada equipa presente.

Constatámos, de imediato, um dominador comum: os momentos de convívio e boa disposição com pessoas de outros concelhos é algo muito valorizado por todas.

Maria Lídia Ferreira, da UD Belmonte, é a praticante com mais idade do distrito. Com 85 anos, abraçou o Walking Football há cerca de um ano e garante que não está arrependida.

“Na Academia Sénior faço muitas modalidades e perguntaram-me se também queria participar [no Wallking Football]. Fiquei logo toda contente. Gosto muito. Só tenho pena de já não ter pernas para os acompanhar, mas faço o que posso”, afirma.

Apesar da idade, energia é algo que não lhe falta. “Gosto muito de conviver com todos. Vivo sozinha, perto da minha filha, mas nunca estou em casa. Estou sempre na Associação a conviver e fazer coisas. Enquanto puder, não paro”.

Maria Conceição Dias, de 76 anos, é aluna da Academia Sénior de Oleiros e confessa, bem-disposta, que “é daquelas pessoas que se inscreve em tudo”. Praticante há cerca de dois anos, não tem dúvidas que o convívio foi a chave para ingressar.

“Inscrevi-me [no Walking Football] pelo convívio, é o melhor de tudo. Já nos conhecemos a todos e quando nos juntamos é sempre uma grande alegria. Quer ganhe, quer perca, todos ficamos amigos e está tudo bem”, sublinha.

Ivone Louro, de 67 anos, é quem está ligada à modalidade há mais tempo – perto de seis anos. Admite que, no início, pensava “que era só para homens”, mas o gosto pelo Desporto e pelo Futebol fê-la arriscar no ano seguinte.

“Na minha época não podíamos jogar Futebol (…) Temos aqui muita camaradagem, passamos bons tempos juntos e o exercício físico faz bem. O convívio é espetacular. Há aqui senhoras que já nos conhecíamos e, nestes eventos, estamos todos juntos e é sempre uma festa. Mesmo fora dos torneios, encontramo-nos e é uma felicidade”, revela.

O Walking Football pode mesmo mudar a maneira como vemos a vida. Quem o garante é Maria Serra, da Academia Sénior da Covilhã. Com 68 anos e já reformada, a praticante explica as mudanças sociais que sentiu no marido, que era mais reservado.

“Eu e o meu marido já estamos reformados e ele é uma pessoa muito recatada e estes encontros fazem-no libertar um pouco e conviver. As pessoas notam como ele era e como está agora, bastante diferente e muito mais conversador. Tornou-se mais aberto”, garante.

Avelina Monteiro, de 68 anos, revela que sempre fez Desporto – Futsal e Futebol, por exemplo - e quando ouviu falar do Walking Football nem pensou duas vezes.

“É mais uma modalidade nova que vim conhecer, porque nunca tinha praticado. Como gosto muito de Futebol, quis vir logo, nem olhei para trás”, assume a aluna da Academia Sénior de Vila de Rei, destacando igualmente o lado social.

“O convívio é muito bom e saudável. Criamos amizades que, se tivéssemos em casa, provavelmente nunca aconteciam”, atira.

Margarida Nunes é uma das praticantes mais recentes e teve esta quinta-feira a primeira experiência com a modalidade.

Com 56 anos e ainda a trabalhar, a praticante da ACR Cabeçudo teve vários familiares jogadores de Futebol e, como tal, sempre teve o bichinho do jogo.

“Fazer desporto é sempre importante e o convívio é muito bom. Só começámos agora, toquei só hoje na bola, mas estou a gostar. Isto é muito engraçado. O convívio, o não haver lutas é bom e faz bem”, assegura, esperando que o Desporto lhe traga novas amizades.

“É bom ter amigos de outros concelhos para uma companhia. Como não tenho outro lazer, o Walking Football vai ser muito bom para conviver e conhecer pessoas”, disse.

O Walking Football é uma variante do futebol que tem como objetivo incentivar a prática desportiva das pessoas com idades superiores a 50 anos, promovendo a integração e o convívio em prol de uma vida mais ativa.