Quando naquele verão de 1994 o jovem escuteiro Ricardo Machado, até então atleta da formação do Desportivo de Castelo Branco (futebol de 7), foi desafiado a vestir a camisola da ARBBE, após um torneio de futebol de 5 no Ulmeiro, estava longe de imaginar que aquele convite ia dar em casamento. Hoje, 27 épocas desportivas depois, as estórias e pessoas que com ele partilharam este percurso que não cabem num pavilhão, só no coração e na vida.

Extrovertido, Amigo do Amigo, sério, direto, duro (como capitão), exigente e exemplar são adjetivos que identificam Ricardo Machado, o Machado para quem com ele reparte a quadra, o balneário ou os corredores da Associação Recreativa do Bairro da Boa Esperança (ARBBE), clube histórico do futsal nacional.

São estas características que hoje, pelas 16 horas, em jogo a contar para o Campeonato Nacional da II divisão, entram com o Machado no terreno de jogo para um último capítulo enquanto jogador. São 27 temporadas com a ARBBE ao peito, a maior parte delas envergando a braçadeira de capitão, uma vida.

Para o Machado é uma “reforma” antecipada, ele que, a dois meses de completar 42 anos, ainda estava para as curvas “futsalísticas”, mas o título maior da paternidade obriga a que o tempo dispensado à família e ao pequeno Lourenço seja mais largo e efetivo.

Empresário de bilhética, confidenciou um dia à então namorada, hoje esposa, que desejava ir para a igreja no autocarro da ARBBE. No dia do casamento, o carro que estava estacionado à porta de casa e devidamente decorado para o levar até ao altar foi substituído pelo sonho que a noiva, com a conivência de muitos “cúmplices”, concretizou. O Machado ia para a igreja no autocarro da ARBBE.

Sócio desde que ingressou no clube, tornou-se também dirigente a partir da 8º temporada onde já fez de (quase) tudo, desde tesoureiro a diretor desportivo passando pelo jogador que toma banho mais depressa para ir preparar o lanche para os colegas de equipa.

Só falta ser presidente, cargo que já lhe passou pela cabeça mas que estando bem entregue e enquanto o “brilhinho dos seus olhos”, o Lourenço, for pequeno será uma função adiada, até porque “a ARBBE é muito grande para ter um presidente que não dê o máximo de si”.

As grandes instituições desportivas fazem-se de referências e a ARBBE tem a sua, Ricardo Machado.

A mística contínua, agora fora da quadra!