2020 terminou com uma aura de esperança. Notícias do início da vacinação contra a COVID-19 aquecem o coração daqueles que; ao longo de tantos meses, minimizaram contactos, evitaram abraços, hibernaram sentimentos.

289 dias após ter sido decretado o 1º estado de emergência (12 dias depois de confirmado o primeiro caso de COVID-19 em Portugal), o cansaço abate-se sobre nós. Vimos familiares e amigos partirem, muitos, de mais! Vidas ceifadas por um vil e escondido vírus que nos desfigura, esconde e rouba o sorriso, que nos obriga ao recato, ao recolhimento, à “solidão”.

Durante 289 dias lutámos, como continuamos a lutar, na esperança de que tudo volte a ser o que era. Entre batalhas ganhas e perdidas, a “guerra” trava-se entre a responsabilidade coletiva e deslealdade de um opositor invisível.

Nestes “289 dias” que foram ontem, e que são todos os dias, não fugimos à responsabilidade coletiva e ao compromisso individual. Pautámo-nos pelos valores da vida, na certeza de que nunca fez tanto sentido, como faz hoje, a máxima preconizada por Arrigo Sacchi: “O futebol é a coisa mais importante das menos importantes”.

Desejamos que os 289 dias de 2020 e os muitos de 2021 que “não serão vividos” nos sejam devolvidos. Que a breve trecho nos permitamos reparar na magia do singelo. Que o público volte às bancadas. Que a bola, sem medos, role na relva, beije as redes e faça estádios jorrar de emoções. Que as nossas crianças voltem a ver numa bola um sinal de esperança no futuro e um espaço de interação social, aprendizagem e crescimento. Que exijamos a nós o que pedimos aos outros - rigor, trabalho e compreensão. Que a luta de uns, seja a luta de todos. Que sejamos melhores.

 

A todos o desejo de saúde e um feliz 2021.

 

Manuel Candeia