Os árbitros também choram
Carlos Xistra, árbitro da AFCB, deu por terminado um percurso de 28 anos como árbitro de futebol.
Eram quase 23h.10 quando Carlos Xistra apitava, no Estádio do Dragão, para o final do jogo FC Porto – Moreirense, o jogo da festa do título de campeão nacional.
Naquele (re)começo de celebração portista os holofotes voltaram-se para o centro do terreno. Ali, sozinho, o árbitro, o “homem do apito”, o cidadão Carlos Xistra, chorava. Com o mesmo apito que terminou o jogo da consagração azul e branca, deu por encerrada uma carreira de 28 anos ligada à arbitragem do futebol.
Naquele momento de adeus aos relvados Carlos Xistra não esqueceu aqueles que com ele fizeram a caminhada até ali. Sob a camisola de jogo uma outra deixava o agradecimento aos familiares e amigos, “Obrigado família e amigos”, lia-se em letras brancas estampadas sobre fundo preto.
28 anos enquanto árbitro de futebol, 20 anos como árbitro do escalão principal, 11 temporadas como árbitro internacional e 953 jogos arbitrados em todos os escalões, sempre carregando o símbolo da AFCB, colocam-no no patamar da excelência desportiva e fazem dele uma referência do futebol nacional. E se a COVID-19 roubou os adeptos dos estádios e não permitiu aquilo que Carlos Xistra merecia neste fechar de ciclo, um jogo de estádio cheio, a mesma pandemia não conseguiu retirar o fulgor e o brilho de uma carreira caraterizada pela idoneidade e retidão numa das mais mal-amadas, mas mais importantes, áreas do futebol, a arbitragem.